Second Life: Um "ambiente sem restrições"

A vice-presidente da Linden Labs, a empresa que pôs de pé o famoso mundo virtual, diz que o Second Life (SL) tem vantagens no ensino e que estimula a socialização, o empreendedorismo e e a criatividade.

Não é uma revolução, mas uma "evolução" da Net, diz, em entrevista ao JPN, Robin Harper, que participou na primeira conferência em Portugal sobre o SL, na Universidade de Aveiro.

Quais as vantagens da presença no Second Life de instituições educativas como as universidades e as escolas?
O SL dá aos educadores um conjunto de ferramentas que podem usar para fazer coisas que podem não conseguir fazer no mundo real. Uma das coisas mais básicas é a ligação a outros alunos de outros locais geográficos: superar a distância na educação é algo fácil de fazer através do SL.

Pode dar exemplos?
As ferramentas do SL podem usar-se para construir cenários para ensino experimental, por exemplo, ou praticar capacidades como a liderança duma maneira que nunca seria possível com quadros.
Podem criar-se simulações de situações da vida real para as pessoas treinarem. Treinar a resposta a ataques biológicos terroristas é o exemplo que costumo usar: é difícil treinar pessoas para saber responder a situações deste género, têm de saber fazer triagem de pacientes, movimentar medicamentos. Pode fazer-se no SL porque se pode recriar o cenário completo porque é, basicamente, um modelo físico.
Pode ser-se extremamente expressivo, seja através da criação de objectos, seja fazendo o "upload" de trabalhos artísticos, construindo uma galeria, ou aprendendo técnicas de entrevista, conhecendo pessoas de todo o mundo e fazendo-lhes perguntas.

Quando o SL foi lançado em 2003, esperavam que fosse tão bem sucedido ou simplesmente uma moda para uma minoria?
Sempre pensámos em grande! O fundador, Philip Rosedale, diz o objectivo que é construir um sítio melhor. A ideia era criar um ambiente que eliminasse restrições e desse às pessoas oportunidades que não teriam de outra maneira. E isto é uma ideia bastante grande, sempre pensámos que fosse universalmente apelativo.

Considera o SL uma revolução na utilização da Internet?
Eu diria que, de momento, é uma evolução. O que trouxe para as comunidades "on-line" é colaboração em tempo real, cara a cara, em 3D. A revolução virá quando conseguirmos descentralizar isto ao ponto de servir para ligar e construir o mundo inteiro.

Como define o SL?
É um mundo "on-line" tridimensional, onde se pode alcançar coisas de formas impossíveis no mundo real. É um sítio para a socialização, para o empreendedorismo, para a criatividade, bastante diferente de qualquer outra coisa alguma vez vista.

Mas tem limites ou nunca terá, porque está em constante desenvolvimento?
Está, definitivamente, a desenvolver-se sempre. Estamos sempre a trabalhar em duas direcções: uma é continuar a melhorar a performance, dado que é um sistema extremamente complexo, há sempre "bugs" e coisas semelhantes para resolver; outra é procurar constantemente maneiras para melhorar a plataforma.
Vamos implantar um sistema de comunicação de voz nos próximos meses, acabámos de anunciar uma nova ferramenta que vai permitir às pessoas melhorar o ambiente com efeitos de luz e mesmo do clima. Introduzimos uma maneira mais simples de construir objectos, tornando mais orgânica a maneira como as pessoas criam.

Pensa que o SL pode conduzir ao isolamento das pessoas do mundo real?
Não penso que isso seja um problema. O SL é um sítio extremamente social. Se passar muito tempo no SL vai fazer novos amigos, ter a oportunidade de se envolver em comunidades globais e não ficará isolado porque atrás de cada avatar há uma pessoa verdadeira. Há certas alturas do dia em que há mais de 40 mil pessoas "on-line". Não é isolamento de maneira nenhuma.
Se está na Internet e vai a uma página web e está sozinho, podem estar 40 mil pessoas naquela página que não vai saber. Mas se estiver no SL e for a uma loja lá, pode ver as outras pessoas que estão interessadas na mesma coisa, pode interagir com elas e partilhar as suas ideias sobre os livros, pode começar um clube literário… Pode fazer coisas que não pode fazer neste momento na Internet, porque não existe comunicação cara a cara, em sincronia.

A legislação é o maior problema que o SL enfrenta neste momento?
Não estamos a lidar com legislação em si, estamos debruçados sobre o facto de haver tanto terreno novo para desbravar em que não são claras quais as leis que podem afectar a direcção em que as pessoas vão. Não é ainda claro que podemos dizer aos habitantes que eles detêm direitos sobre as coisas que criam e que os direitos de autor vão ser respeitados pelo mundo fora.
Num mundo ideal, conseguiríamos resolver o problema de forma a dar às pessoas o máximo de liberdade de expressão possível, mas é mais importante para nós manter o SL legal e seguro, e portanto nas áreas em que temos de trabalhar com as autoridades locais, fazemo-lo.

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