Alerta aos jornais mundiais

O informe Estado da Imprensa, versão 2007, divulgado esta semana nos Estados Unidos coloca em questão o modelo de negócios da maioria dos jornais mundiais, e afirma que se os executivos do setor não repensarem imediatamente suas estratégias editoriais o futuro das empresas jornalísticas poderá ser decidido por investidores sem nenhum apego à notícia.
O The State of the News Media 2007, afirma que já não funciona mais a contento o sistema convencional de basear a sustentabilidade de um jornal na receita com publicidade. Até agora os jornais atraiam leitores por meio do fornecimento de notícias e depois "vendiam" a audiência aos anunciantes.
Com a Internet o sistema mudou e a compra de bens, produtos e serviços passou a ser uma atividade independente. Os anunciantes já não precisam mais da notícia para chegar aos clientes potenciais. A Internet se transformou numa mega "páginas amarelas" para os consumidores.
Por outro lado, diante da avalancha informativa, o público acostumou-se a receber notícias sem pagar nada, deixando os jornais diante de um duplo dilema: receitas caindo assustadoramente pelo quarto ano consecutivo e público leitor cada vez mais exigente e adepto dos serviços grátis. A queda de circulação dos jornais norte-americanos no primeiro semestre de 2006 foi ainda maior do que em igual período em 2005. O valor das ações de empresas jornalísticas também caiu em quase todo o mundo, em especial nos Estados Unidos.
Isto levou os autores do documento a afirmar que a maior incógnita é a reação dos meios financeiros, onde a grande pergunta é: a crise da imprensa é um processo terminal ou uma transição para uma nova etapa de crescimento?
Se os investidores acreditarem que o declínio é irreversível, as ações cairão ainda mais e as perspectivas são muito preocupantes.
Já a segunda alternativa (transição) cria um pouco mais de espaço de manobra para que as empresas jornalísticas buscarem saídas inovadoras para a crise. O relatório, produzido pelo Projeto Excelência no Jornalismo - Project for Excellence in Journalism - insiste que não há mais tempo para os jornais continuarem adiando um profundo estudo de sua sustentabilidade financeira a médio e longo prazo, e aponta como alternativa a aceleração do que muitos chamam de "webificação" da imprensa, ou seja, sua integração, cada vez maior, com sistemas online de captação, edição e publicação de informações.
Outra questão chave é a da propriedade dos jornais. O sistema norte-americano está baseado em participação acionária, em oposição do sistema brasileiro, onde predomina o controle privado e familiar. O Estado da Imprensa 2007 constata que a especulação com as ações de empresas jornalísticas norte-americanas gerou uma situação paradoxal. Os papéis dos grupos de mídia valem menos no pregão do que nas negociações privadas.
A questão da propriedade dos jornais nos EUA é crucial para o futuro da imprensa porque se os investidores assumirem o controle da imprensa através da compra de ações baratas visando posterior revenda (os chamados investidores abutres), a procura da lucratividade imediata vai predominar sobre a preocupação com a qualidade da informação e com os princípios jornalísticos.
Por seu lado, os grupos familiares que controlam a imprensa em vários países do mundo, inclusive no Brasil, mantêm uma preocupação, pelo menos retórica, com a qualidade informativa, mas não têm recursos para investir maciçamente no desenvolvimento de um novo modelo de negócios para a produção de notícias.
Os pesquisadores do Estado da Imprensa 2007 concentraram suas preocupações no estudo de vários modelos de projetos de informação jornalística na Web e não chegaram a uma conclusão. Eles admitem que o caminho está na internet, mas reconhecem que ainda não foi possivel identificar uma tendência e nem uma alternativa capaz de servir de modelo.

2 comentários:

Anônimo disse...

materia muito legal

Anônimo disse...

tambem achei muito bom

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